Na segunda visita, a oferta era uma matraca(instrumento musical) que prontamente foi amarrada no rabo da serpente. Entretanto, ela não possuia força suficiente para chacoalhar o instrumento, pois, a matraca era muito pesada. Mesmo assim, Surucucu deu a Karu Bempô um saquinho com um pouquinho da noite. Ao chegar na tribo, o saquinho foi aberto e de dentro dele a noite saiu e escureceu tudo. Imediatamente, guerreiros e animais dormiram profundamente. O sol escaldante que brilhava sem cessar permitiu que pessoas e animais repousassem um pouco.Porém, isso durou pouco tempo, e logo o sol voltou a brilhar alegremente. Vendo que a quantidade de noite não era suficiente para o descanso dos mundukuru e dos animais, Karu Bempô voltou ao ninho da serpente. Esta o esperava com um saco bem grande, cheio de noite, pois, sabia que ele voltaria. Surucucu exigiu um pote de veneno em troca da noite mais longa, e prometeu que usaria o veneno com bastante cuidado para não ferir as pessoas gravemente. Após alguns dias, quando a troca foi realizada, Surucucu alertou Karu Bempô que o saco só poderia ser aberto depois de algumas horas para que desse tempo de o veneno ser distribuído com critério entre as cobras da floresta.
Porém, quando Karu Bempô chegou na aldeia, o desespero do seu povo era tanto que acabaram arrancando das suas mãos o grande saco. Ao cair, ele se abriu e todo o universo foi invadido pela mais profunda escuridão. Na floresta, enquanto isso, as cobras avançaram no veneno e serviram-se dele sem nenhum cuidado. Assim, aquilo que deveria ser distribuído em quantidade pequena, apenas para que pudessem se defender das pessoas, transformou-se numa arma perigosa e fatal tornando as cobras inimigas mortais de outros animais. Os munduruku e os animais, por sua vez, gostaram muito de conseguir a noite de volta para descansar e iniciar o dia de trabalho com força e disposição.

4 comentários:
Que conto mágico e espetacular, Denise. Me prendeu a atenção.
As lendas dos nossas florestas e consequentemente dos índios brasileiros são maravilhosas. Não conhecia o Daniel Mundukuru e vou rrer atrás de uma obra dele para eu ler na sua totalidade.
Obrigado e muitos beijos.
Muito bom o texto. Gosto de quero mais!
Amigos Guará e Dom, obrigada pelas visitas e pelos comentários! Os mitos indígenas são ótimos e tem tudo haver com a nossa vida; coisas que não temos como explicar comparecem nestes mitos cobrindo certos espaços deixados pela lógica que usamos. Bjs!
Profª Silvana, seja bem-vinda e agradeço os comentários! Tenho visitado seu blog e já sou seguidora, com certeza estarei sempre por lá pois, ele é maravilhoso! Um grande Abraço!
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