“Segundo a lenda Xokleng sobre a geração do ser humano, sabemos que há duas formas de geração. Uma saiu da montanha e a outra da água do mar... conta a lenda que na vontade de sair, mas com muito medo, o chefe Vâjeky, manda um dos membros da comunidade sair para investigar a terra e trazer uma amostra do lugar para ele. Este homem vai e vê as aves e pensa: “Vou levar um desses pássaros para meu chefe”. Surge então o arco e a flecha com os quais o ser humano mata um gavião e traz para o seu chefe. O líder fica contente, mas, inseguro, envia outros seres humanos, os quais também trazem amostras do lugar dando, assim, segurança ao povo que saem da água para a nova terra. Ao saírem da água, todos comemoram a chegada e, durante as comemorações surge a dança, a música e o chocalho que vai ser instrumento musical deles. Após a comemoração, eles ouvem um barulho de outras pessoas e ficam aterrorizados, sem saber o que fazer. Então o chefe tem uma idéia: “vou criar uma onça”, diz. Manda que seja derrubada uma árvore e do tronco dessa árvore faz uma onça. Surge então a arte de esculpir. Depois da onça pronta, ele pede que ela seja pintada. Surge aí a arte de pintar e mais as marcas tribais que vai acompanhar todas as outras gerações até os dias atuais. Nesse primeiro momento as cores não são uma preocupação, por isso só é usado o preto. As outras cores só são observadas nas paisagens naturais. As cores dos pássaros surgem a partir de uma outra lenda, a do beija-flor que escondeu a água. Diz a lenda que na época em que só se encontrava mel em rochas, os pássaros e outros animais não se alimentavam com essa substância. Um dia os pássaros encontraram uma colméia em uma taipa e todos tentavam furar o rochedo para tirar o mel, mas não eram felizes, pois seus bicos acabavam se quebrando com o impacto e o sangue escorria em seus corpos manchando-os, dando assim suas cores, pois não tinham água para lavá-los. Essa lenda é muito importante dentro da arte, porque os Xokleng ao longo de sua caminhada, começaram a usar as penas em seus cocares, artesanato usado pelos velhos chefes guerreiros. Também se usava e usa-se em arcos e flechas, nesse último para dar direção. As mulheres por sua vez usavam penas de pássaros em brincos, colares, pulseiras e enfeites nas pernas e braços. A necessidade de conduzir os alimentos nas andanças dos Xokleng faz surgir a cestaria. Já a vestimenta e cobertores com fibras de urtiga surgiram a partir das baixas temperaturas de certas regiões por onde passavam. A necessidade de cozinhar alguns alimentos, ou esquentar água fez surgir a cerâmica, ou arte de fazer panelas e outros objetos de barro. Esses conhecimentos foram passando de geração em geração até surgir a tal “pacificação” e destruir quase toda a cultura Xokleng”.
Fonte:
•MARCUS, Cledes. Identidade Étnica E Educação Escolar Indígena (Dissertação De Mestrado). FURB: Blumenau, 2006.
•MARCUS, Cledes. Identidade Étnica E Educação Escolar Indígena (Dissertação De Mestrado). FURB: Blumenau, 2006.
Um comentário:
Apresentar aos alunos todas as culturas, forma humanos de bons conhecimentos.
Suas iniciativas nessas publicações são encantadoras, minha "feiticeira" predileta.
A Selva de Concreto se rende a você.
Bjs.
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