quinta-feira, 29 de abril de 2010

Meninos e Meninas Indígenas Convivem há 517 Anos Com o Descaso, o Preconceito, a Violação de Direitos e a Ausência de Políticas Públicas. Até Quando?*


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Infelizmente, a violação dos direitos dos índios é comum no Brasil. Os problemas vão do acesso à educação e saúde a questões territoriais e de identidade cultural. Algumas medidas, como a demarcação de terras indígenas, já avançaram, garantindo a permanência dos índios em suas terras e evitando que eles migrem para as cidades. Mas o simples reconhecimento legal das terras não tem sido suficiente para que esses povos possam exercer e desfrutar de seus direitos básicos.
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As crianças e adolescentes indígenas são os mais afetados com essa situação, já que estão mais vulneráveis aos desequilíbrios das condições de vida nas aldeias ou na periferia das cidades. Sofrem com a fome, a desnutrição e doenças como malária e o HIV. Isso ocorre, muitas vezes, por falta de informação dos pais ou pelo convívio nocivo com populações não-indígenas. Esse qDados do descaso.
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Não há muitas informações concretas sobre a situação da infância e adolescência indígena, o que mostra o descaso dos diversos setores da sociedade brasileira com o assunto. De acordo com o UNICEF e o IBGE, vivem no Brasil 286.686 crianças e adolescentes indígenas. São mais de 225 etnias diferentes. Cerca de 45% desses meninos e meninas estão em situação de pobreza e metade deles não tem acesso à água potável. O índice de crianças e adolescentes indígenas fora da escola também é maior que a média nacional. Cerca de 21% dos meninos e meninas indígenas entre 7 e 14 anos ainda não têm garantia de educação. Na população geral esse número é de 5,5%.
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É importante lembrar ainda que as crianças e adolescentes indígenas têm necessidades diferenciadas em relação às demais crianças. Nas comunidades indígenas as crianças e adolescentes são considerados muito importantes, pois são eles que possibilitam a continuidade destes povos. Por isso, falar de meninos e meninas indígenas é falar da garantia de preservação da cultura de seus povos.

O Que Diz a Lei.


A Constituição Federal de 1988 definiu que os índios têm direito à educação bilíngüe, assegurando a utilização de suas línguas maternas e respeitando a maneira que cada tribo conduz tradicionalmente os processos de aprendizagem. Contudo, o que se vê ainda é a tentativa de impor a escola "branca" como a única opção para esses povos.
Saúde em risco.
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As doenças que geralmente afetam o desenvolvimento de crianças indígenas são infecções respiratórias agudas, tuberculoses, diarréias e as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Os altos índices de ocorrências desses males estão ligados ao contato com populações não indígenas.
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Dados da Coordenação Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde relatam 53 casos notificados de Aids na população indígena. Destes, 4% atigem índios na faixa etária de 15 a 19 anos. O problema pode ainda não ter chegado de forma maciça aos povos indigenas, mas é preciso prevenir e educar essa população para evitar uma possível epidemia, que pode trazer conseqüências devastadoras.
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Alguns avanços, como o controle da malária nas aldeias Yanomami, mostram que é possível reverter os riscos das doenças contando com a ajuda dos próprios índios. Mas a realidade ainda está longe de ser considerada ideal.


É Preciso Garantir Direitos.


Defender a infância e adolescência indígena não é uma tarefa fácil. Faltam políticas públicas específicas voltadas para esse público e a sociedade geralmente fecha os olhos para o problema. Os Conselhos Tutelares e Conselhos de Direitos, por exemplo, só agora se deram conta da importância desse trabalho. Em junho, uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) definiu com mais clareza como esses órgãos devem agir em caso de violação de direitos da criança indígena. Fica valendo o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente, desde que as diferenças socioculturais da comunidade indígena sejam respeitadas.


Palavra de Especialista.


A proporção de crianças e adolescentes indígenas vivendo em famílias com uma renda per capita de até meio salário mínimo no Brasil é de 71,4%. A mesma proporção de crianças brancas é de 32,7% e de crianças negras é de 57,7%, segundo o Censo do IBGE. Isso mostra o quanto a infância e a adolescência indígenas estão vulneráveis. Esses meninos e meninas continuam vivendo em situação de exclusão, discriminação, exploração e genocídio. Por isso, é preciso cobrar políticas públicas que reforcem a diversidade cultural e garantam a eles uma condição de eqüidade.
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America Ungaretti
Oficial de Programas do UNICEF



Números da Situação Indígena:


71% das crianças e adolescentes indígenas vivem em situação de pobreza.
50% deles não têm acesso à água tratada.
21% dos meninos e meninas indígenas entre 7 e 14 anos estão fora da escola.13% das crianças e adolescentes indígenas trabalham.


quarta-feira, 28 de abril de 2010

*As Instalações nas Aldeias dos Índios Nambikwara*


As instalações dos índios Nambikwara são simples e bonitas como a vida que costumam levar. Esta primeira foto é da Casa de Cultura da aldeia Kithaulu onde ocorrem as pajelanças, os encontros de pajés e outras festividades que o grupo queira fazer, no entanto, o mais comum são as pajelanças. A casa de cultura foi criada pelo pessoal da empresa de energia que patrocinou a nossa viagem. O objetivo desta grande oca é para homenagear os pajés Nambikwara das diversas aldeias da região.


Esta é a parte de dentro da Casa de Cultura que tem duas arquibancadas de madeira e uma espécie de mini anfiteatro ao centro à frente das aquibancadas.
Esta é uma casa comum na aldeia Kithaulu e nas demais aldeias. Geralmente as casas possuem um só cômodo onde dormem famílias inteiras em redes ou esteiras. As casas são lugares para guardas alguns pertences e mais para dormir. Ninguém fica fechado dentro de casa, a vida acontece no terreiro da aldeia com todos juntos vivenciando os mesmos momentos.

Eis a escola da aldeia Kithaulu por fora, construída pela empresa que citei anteriormente. Ela parece com as nossas escolas formais com quadro negro e cadeiras de um braço só em madeira. Não entendi porque a escola indígena precisa deste formato, já que as necessidades são outras. Esta é a escola por dentro e como falei é igual a nossa. Como o terreno nesta aldeia é arenoso a rede de volei que eles possuem parece que foi colocada numa areia de praia. ao lado também tem traves para o jogo de Cabeçobol (um futebol onde só se joga com a cabeça).



Esta última foto mostra as casas da aldeia Davi com galinhas soltas no terreiro. A vista nestes lugares é mágica! Adorei!

*Fotos do meu arquivo pessoal da aldeia Kithaulu e aldeia Davi - Comodoro - Mato Grosso - Brasil - Com permissão dos mais velhos das aldeias citadas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

*Os Nambikwara na Fila da Bala*

Os Nambikwara adoram doces, balas e também açúcar. Eles chegam a comer açúcar refinado puro, e até a fazer um bule de café com a metade do bule contendo açúcar se tiverem a iguaria. Sabendo do apreço que eles tem por doces, nossa equipe levou um pacote de balas para eles. Qual não foi a minha surpresa ao ver como fazem a fila e quem participa dela. A fila dos Nambikwara é organizada, carinhosa e democrática. Cada um vai chegando, apenas os pequenos entram mais na frente e abraçam o parente que está na sua frente, sem empurrar, sem violência. No entanto, não é muito certa esta divisão por tamanho, alguns pequenos entram na frente de alguns adultos e pronto. Quando alguém entra atrás ou na frente de um que já está na fila o outro se afasta cedendo o lugar. Crianças e adultos entram na fila e ganham a mesma quantidade de balas. Tudo que eles comem na aldeia é dividido por igual. Estão quase sempre juntos em todas as atividades. Passam o sentido de serem sempre solidários uns com os outros. Entrei na fila só para a foto, mas, se pedisse bala também ganharia. Dei sorte quanto ao café que me ofereceram, acho que eles tinham pouco açúcar na aldeia e o café então estava com um sabor normal, apesar de eu preferir café amargo sem açúcar ou adoçante. Foi um doce prazer ter passado uma tarde na aldeia Kithaulu com os Nambikwara.

*Fotos do meu arquivo pessoal - Aldeia Kithaulu - Índios Nambikwara - Mato Grosso - Brasil - com permissão dos mais velhos da aldeia.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

*As Reuniões dos Índios Nambikwra*


Por incrível que pareça os Nambikwara quase conseguiram nos traumatizar com as tais "reuniões"! Imaginem vocês que eles aprenderam que a melhor forma de fazerem suas reivindicações e entrarem num acordo com os brancos é fazendo uma "reunião" com todos os membros da família (desde os mais velhos até os bebês de colo) com um branco que seja uma autoridade capaz de atendê-los. Por este motivo nosso amigo Sebastião, representante legal de sua empresa transmissora de energia, um branco nambikwara legítimo, era convocado a todo momento para uma "reunião" com os índios. O pior é que nós tínhamos que esperar as tais reuniões acabarem para então conseguirmos a presença da autoridade citada, o Sebastião Nambikwara, pois, foi ele o mentor da nossa ida até Comodoro. Os índios chegam dizendo: "Quero falar só um pouquinho com você, temos que fazer reunião". Este negócio aconteceu de manhã cedo, de tarde, de noite, na hora do almoço e nos mais inusitados lugares. Haja paciência e perseverança pra enfrentar tantas reunições! mas, o Sebastião encarou todas com o maior prazer, ele é mesmo um gentleman!
*Fotos do meu arquivo pessoal: na primeira foto uma reunião na aldeia Davi; na segunda foto uma reunião na aldeia Kithaulu.

domingo, 25 de abril de 2010

*Brincando com as crianças Nambikwara*

Na viagem ao Mato Grosso e visita a aldeia David de Comodoro tive o privilégio de brincar com as crianças da etnia Nambikwara. Brincamos de roda, de passaraio, de cobrinha e de abobrinha. Eles sabem diversas brincadeiras do folclore brasileiro no entanto, em algumas eles falam a língua local e não o português. Nesta aldeia também vi o interesse das crianças pelo futebol, apesar da péssima bola o menino tentou fazer embaixadinhas, contudo, o futebol deles é de cabeça fazendo passes uns para os outros, muito interessante!

*Fotos do meu arquivo pessoal, crianças Nambikwara, com permissão dos mais velhos da aldeia Davi - Comodoro - Mato Grosso.

sábado, 24 de abril de 2010

*Conhecendo os Índios da Etnia Nambikwara de Comodoro - Mato Grosso - Brasil - Na Chegada: O CORÓ!*

Caros Amigos e Leitores, neste feriado (21/04 a 24/04/10) estive no Mato Grosso, cidade Comodoro, com mais três amigos(as) da área da Educação para trabalharmos com professores não Indígenas da cidade e Indígenas da Etnia Nambikwara, com o objetivo de colaborar para a implementação da lei 11.645/08 que torna obrigatório o ensino de cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas de educação básica brasileiras. Logo na chegada à primeira aldeia que visitei os "parentes" estavam empenhados no propósito de limpar para torrar um inseto chamado CORÓ, que mais parece uma lagartinha verde de listrinhas pretas e brancas. Na foto acima estou próximo ao grupo que trabalha sobre as lagartinhas, mas, alternadamente aparecem mais voluntários para o dito trabalho como este pequeno curumin aqui abaixo. O tal Coró foi recolhido com uma espécie de mato, e como ele agarra igual a qualquer lagarta na folhagem, os Nambiquaras fazem um mutirão para retira-las das folhinhas e colocá-las numa panela que depois vai ao fogo de lenha.
*Aos poucos vou fazer algumas postagens sobre os acontecimentos desta viagem. Aguardem!*

*Fotos do arquivo Pessoal com permissão dos nossos "parentes" Nambikwara - Aldeia Davi- Comodoro*

terça-feira, 20 de abril de 2010

*LENDA DO POVO XOKLENG SOBRE A CRIAÇÃO DE SUA CULTURA*


“Segundo a lenda Xokleng sobre a geração do ser humano, sabemos que há duas formas de geração. Uma saiu da montanha e a outra da água do mar... conta a lenda que na vontade de sair, mas com muito medo, o chefe Vâjeky, manda um dos membros da comunidade sair para investigar a terra e trazer uma amostra do lugar para ele. Este homem vai e vê as aves e pensa: “Vou levar um desses pássaros para meu chefe”. Surge então o arco e a flecha com os quais o ser humano mata um gavião e traz para o seu chefe. O líder fica contente, mas, inseguro, envia outros seres humanos, os quais também trazem amostras do lugar dando, assim, segurança ao povo que saem da água para a nova terra. Ao saírem da água, todos comemoram a chegada e, durante as comemorações surge a dança, a música e o chocalho que vai ser instrumento musical deles. Após a comemoração, eles ouvem um barulho de outras pessoas e ficam aterrorizados, sem saber o que fazer. Então o chefe tem uma idéia: “vou criar uma onça”, diz. Manda que seja derrubada uma árvore e do tronco dessa árvore faz uma onça. Surge então a arte de esculpir. Depois da onça pronta, ele pede que ela seja pintada. Surge aí a arte de pintar e mais as marcas tribais que vai acompanhar todas as outras gerações até os dias atuais. Nesse primeiro momento as cores não são uma preocupação, por isso só é usado o preto. As outras cores só são observadas nas paisagens naturais. As cores dos pássaros surgem a partir de uma outra lenda, a do beija-flor que escondeu a água. Diz a lenda que na época em que só se encontrava mel em rochas, os pássaros e outros animais não se alimentavam com essa substância. Um dia os pássaros encontraram uma colméia em uma taipa e todos tentavam furar o rochedo para tirar o mel, mas não eram felizes, pois seus bicos acabavam se quebrando com o impacto e o sangue escorria em seus corpos manchando-os, dando assim suas cores, pois não tinham água para lavá-los. Essa lenda é muito importante dentro da arte, porque os Xokleng ao longo de sua caminhada, começaram a usar as penas em seus cocares, artesanato usado pelos velhos chefes guerreiros. Também se usava e usa-se em arcos e flechas, nesse último para dar direção. As mulheres por sua vez usavam penas de pássaros em brincos, colares, pulseiras e enfeites nas pernas e braços. A necessidade de conduzir os alimentos nas andanças dos Xokleng faz surgir a cestaria. Já a vestimenta e cobertores com fibras de urtiga surgiram a partir das baixas temperaturas de certas regiões por onde passavam. A necessidade de cozinhar alguns alimentos, ou esquentar água fez surgir a cerâmica, ou arte de fazer panelas e outros objetos de barro. Esses conhecimentos foram passando de geração em geração até surgir a tal “pacificação” e destruir quase toda a cultura Xokleng”.



Fonte:
•MARCUS, Cledes. Identidade Étnica E Educação Escolar Indígena (Dissertação De Mestrado). FURB: Blumenau, 2006.

sábado, 17 de abril de 2010

*Festa do Divino é Eleita Patrimônio Cultural Imaterial em Goiás*



A Festa do Divino Espírito Santo, realizada todos os anos na cidade de Pirenópolis, estado de Goiás, foi declarada nesta quinta-feira (15/04)patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A celebração, que é conhecida pelas cavalhadas que relembram as guerras entre mouros e cristãos, reúne manifestações religiosas e profanas de diversas origens e significados.

O reconhecimento é resultado de uma pesquisa empreendida por um grupo de pesquisadores do Iphan e foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Consultivo do Instituto, composto por 22 especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia.

A pesquisa constatou que a Festa do Divino Espírito Santo é um sistema de produção e circulação de bens que interfere em todas as dimensões da vida social local. A própria comunidade descreve a festa como “patrimônio de valor inestimável” e investe na manutenção da tradição.

Além da festa de Pirenópolis, apenas mais uma celebração religiosa tem esse reconhecimento nacional: o Círio de Nazaré, realizado em Belém do Pará. No âmbito dos bens imateriais, definidos como práticas socioculturais enraizadas no cotidiano das comunidades e que expressam seus saberes e fazeres, existem, ao todo, 17 que são considerados patrimônio cultural do Brasil pelo Iphan.

De acordo com a superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, o reconhecimento é importante porque serve de salvaguarda diante dos problemas que possam ameaçar a manifestação cultural, entre eles, os relacionados à exploração excessiva da festa para fins turísticos.


*Fonte:

http://www.iphan.gov.br

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/04/festa-do-divino-e-eleita-patrimonio-cultural-imaterial-em-goias16042010.html

http://www.flickr.com/photos/soniamadruga/163100832/

terça-feira, 13 de abril de 2010

*Carta do Índio aos Brancos*



A chamada "Carta do Índio aos Brancos" foi escrita pelo Chefe Seatle, um índio americano, e depois distribuída pela ONU (Organização das Nações Unidas) para todo o mundo.
A razão dessa carta, é que, em 1854, o presidente dos Estados Unidos na época fez a uma tribo indígena a proposta de comprar grande parte de suas terras, oferecendo, em troca, a concessão de uma outras, que seriam a nova "reserva indígena" daquela tribo. A resposta do Chefe Seatle, abaixo, tem sido considerada desde então um dos mais bonitos e profundos textos pela defesa do meio ambiente. Veja se você concorda:

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"O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo."
"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho."

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"Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família."

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"Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais."

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"Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão."

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Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda."

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Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

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"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados."

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Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos."
"Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos."

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"O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo."

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"Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos."

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"Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todos as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios."

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"Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo."
"Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: o nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos."

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"Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam."

*
"Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."

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*Fonte: Site do Ministério Público de Pernambuco, http://www.mp.pe.gov.br (em abril de 2008)

sábado, 10 de abril de 2010

*Driblar, Eis o Mistério de Garrincha - Por Armando Nogueira*



DRIBLAR EIS O MISTÉRIO DE GARRINCHA

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Driblar, tendo pernas tão tortas

e driblar como ninguém

eis um mistério de Garrincha que eu não ouso explicar;

Driblar, tendo uma perna mais curta que a outra

e driblar como ninguém

eis um mistério de Garrincha que tu não ousas explicar;

Driblar, tendo um desvio na espinha dorsal

e driblar como ninguém

eis um mistério de Garrincha que ele não ousa explicar…

Driblar, quase sempre para o mesmo lado,

repetindo o gesto mil vezes para mil vezes afirmar-se negando o próprio conceito de drible

eis um mistério de Garrincha que não ousais explicar…

Driblar
e driblar com tanta graça e naturalidade

eis um mistério de Garrincha que só Deus pode explicar.

*
*Armando Nogueira

( publicado em A Bola na Rede, 1973, José Olympio Editora)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

♫MOTIVO - Cecília Meireles♫

Aquarela do Artista Plástico e Amigo Jader Resende, achei um ótimo Motivo!
Blog: http://jaderresende-artes.blogspot.com/


MOTIVO (Poema de Cecília Meireles - Música de Fagner)

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Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

*
(Cecília Meireles)

terça-feira, 6 de abril de 2010

♫O Blog ECOS DA CULTURA POPULAR está em votação no Site RAIZ ON LINE - Dê o seu apoio VOTE no link abaixo♫

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Caros Amigos e Leitores, o Blog Ecos da Cultura Popular está em Votação no site Raiz On Line. Se você Apoia este Trabalho, Por Favor, entre no Link abaixo e vote neste Blog. O índice de Votação encontra-se na margem direita e a foto do blog está na parte final da página do site. Desde já Agradeço!!! Saudações Culturais!!!
*

segunda-feira, 5 de abril de 2010

*Jogo dos Fios, Cama de Gato ou Jogo de Trançar é uma Conhecida Brincadeira dos Nossos Curumins*



A utilização de cordas, fios e similares para amarrar, arrematar, trançar, pescar, enfeitar etc, é muito comum para as habilidosas mãos de artesãos, indígenas, marinheiros, alpinistas, pescadores e aqueles que dependem da criatividade e do fazer manual. Comumente as brincadeiras infantis tomam como exemplo as vivências dos adultos e provavelmente o jogo dos fios pode ter sido criado deste jeito, com os pequenos (ou os grandes) inventando formas de trançar por diversão.


A cama-de-gato é uma brincadeira com barbante. Consiste em trançar um cordão entre os dedos das duas mãos e ir alterando as figuras formadas. Os vestígios históricos apontam sua origem provável para as regiões asiáticas, africanas ou ainda para os povos pré-colombianos das Américas. A brincadeira é praticada em diversas partes do mundo. Atualmente nossas crianças brincam trançando elásticos nas pernas que poderia ser uma versão mais moderna do jogo dos fios.


O dr. Altamiro Vilhena do site Impressões Amazônicas constatou nas suas viagens às aldeias indígenas que as crianças Kaiapó da Amazônia ainda brincam muito com este jogo que lá recebe o nome de kadjót.
*
A figura abaixo além de mostrar quatro modelos nos quais podem se transformar o jogo de cama de gato, é também a capa do album homônimo do grupo de música instrumental Cama de Gato, lançado em 1986. E assim os convido a jogar o jogo dos fios e quem sabe ouvindo o sugestivo audio do grupo Cama de Gato (Arthur Maia (baixo), Mauro Senise (sax), Pascoal Meirelles (batera) e Jota Morais (teclados).
*Denise Guerra



*Fonte:

domingo, 4 de abril de 2010

*É Páscoa, Ainda e Sempre, Também!*


É Páscoa, Ainda e Sempre, Também!

Ontem, como hoje,
Deus continua falando.
No silêncio, talvez
Nos gritos de desespero, de indignação, de vitória...
Certamente!
*
E fala ainda pela boca das faladeiras(Em quem não se deve acreditar?)
Mulheres, negros, índios, menores, sem-terra, sem-teto, sem-emprego...
E fala na língua das minorias (maiorias?)
Não na língua universal, correndo o risco de desaparecer
(Mas ousa correr esse risco!)
*
Fala daquilo que não se encontra nem se entende
Nem nos shopings,
Nem nas bolsas de valores,
Nem no FMI (Mandam no Brasil).
*
E fala de muitos modos:
Com ternura (bem-vindos, contem comigo, coragem, sê forte, não desanime...)
Com indignação (ai de vós, afastai-vos, malditos...)
Com desespero (por que me abandonaste?...)
Chorando (sob o cálice amargo no horto...)
Calando (na cruz...)
Emocionado (Ele não está aí, RESSUSCITOU!)
*
Fala de exílio e êxodo (sim, êxodo também!)
Fala do banquete (não o “real”, mas o popular)
*
Fala da comida (que sacia e faz viver a todos/as)
Fala da festa (enlutada, é claro. Afinal, muitos continuam crucificados)
*
Fala da roupa da festa (perseverança, ânimo, coragem, resistência, teimosia...)
Eis que a noite é longa, mas o gozo, eterno.
*
Fala da receita (não a do mercado neoliberal, mas a da solidariedade global e globalizada!)
*
Fala a(o)s cozinheiro(a)s:
“vocês são meus filho(a)s muito amado(a)s”!
Fala a(o)s convidado(a)s:
“venham, vocês que são abençoados”;
*
recebam como herança o reino desde sempre preparado para vocês”!
É PÁSCOA! (Hoje, como sempre!)
*
*(Autor: Francisco de Aquino JúniorBelo Horizonte - MG)

*Fonte:
http://www.mundojovem.pucrs.br/poema-pascoa-3.php

quinta-feira, 1 de abril de 2010

*A Gazeta dos Blogueiros elegeu o Blog Ecos da Cultura Popular como Destaque da Semana* Obrigada!!!

Caros Leitores, o Blog ECOS DA CULTURA POPULAR foi escolhido como destaque no Gazeta dos Blogueiros! Agradeço imensamente o apoio de todos e a força do Gazeta dos Blogueiros!!! Visitem o site http://www.gazetadosblogueiros.com/capa/destques-gb-

*Dia da Mentira - 1º de Abril*



Salve mais um Dia do Pescador...
Salve o Dia de Contar Contos e Aumentar Pontos...
Salve o Dia Oficial da Pegadinha...
Salve o Dia das Artimanhas Infantis...
Salve o Dia da Lorota Boa...
Salve o Dia das Artes dos Atores...
Salve o Dia dos Ilusionistas, Mágicos e Carnavalescos...
Salve o Dia em que se reconhece que as Mentiras tem Pernas Curtas...
Salve as Omissões Necessárias para Salvar Vidas...
Salve o dia 1º de Abril porque sabemos que a Ilusão é passageira...
Salve a Verdade, que ela Sempre Prevaleça!
Denise Guerra
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"1º de Abril
Sua Calça Caiu
Seu Pai Não Viu
Sua Mãe Vestiu"
(Parlenda- Domínio Público)
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