Projeto de visitação a comunidade indígena Tapuya/Fulni-ô do “Santuário Sagrado dos Pajés”
Desde o início da década de 90, grupos de estudantes, crianças, pesquisadores de Brasília, das cidades Satélites do Distrito Federal e de várias partes do Brasil visitam a Terra Indígena do Santuário dos Pajés interessados em conhecer a tradição cultural e religiosa indígena que se desenvolveu em função da peregrinação ao centro espiritual e ao meio ambiente onde este se desenvolve.
Hoje a visitação está renovada pelo projeto “Nas rotas dos Pajés” da Associação Cultural Povos Indígenas (ACPI) do Santuário Sagrado dos Pajés que promove a educação intercultural entre sociedades de saberes diversos e o ensino dos saberes ancestrais indígenas, uma oportunidade única para as crianças e os jovens viajarem ao vivo e a cores pelas rotas ainda vivas e resistentes da tradição indígena do nosso querido Planalto Central Tapuya bem no coração do Plano Piloto de Brasília.
A ancestralidade espiritual e histórica que representa o Santuário dos Pajés faz da comunidade indígena Tapuya o elo que a liga ao passado indígena do Planalto Central através das culturas indígenas do tronco etno-lingüístico Macro-Gê que se localizavam na área de cerrado do altiplano brasileiro, migrando depois para várias partes do território do Brasil em direção ao nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.
Não por acaso os Tapuyas/Fulni-os são falantes do idioma Yhatsalé (nosso idioma) ou Yhatê (nossa língua) do tronco linguistico Macro-Gê, únicos índios do nordeste que preservaram sua língua. A dispersão dos grupos indígenas de este tronco etno-linguistico pelo nordeste do Brasil através do rio São Francisco e Tocantins deve ter ocorrido por volta de aproximadamente 2.000 anos a.C e suas marcas estão presentes em diversas artes rupestres da região de Pernambuco, Bahia, Piauí e Goiás, consideradas pelos pajés tapuyas as inscrições sagradas de nossos antepassados.
Os tapuyas então fizeram uma viagem de volta a sua fonte primitiva e ancestral durante a construção da nova capital do Brasil em 1957, vindo como mão-de-obra-indígena trabalhar como operário da construção civil. Durante os períodos de descanso dos trabalhos nos canteiros de obra os pioneiros índios candangos iam para as matas de cerrado para rezar e manifestar suas crenças e ritos religiosos. Assim nesse ponto de reza onde se localiza a atual área do Santuário dos Pajés revelado pela espiritualidade ancestral tapuya aos pajés através dos chamados e das marcas sagradas da terra se levantou a tribo do Cerrado e com ela a missão de zelar pela terra. Como dizem nossos pajés “No Espírito não chegamos aqui, mas sempre estivemos aqui”. Outras etnias com o tempo vieram a integrar a comunidade indígena do Santuário como Guajajara, Korubo e Tupinambás, hoje uma pequena comunidade tribal tradicional que habita na única área de cerrado preservado no Plano Piloto de Brasília de aproximadamente 55 hectares.
Assim se levantou o Santuário Sagrado dos Pajés, um ponto sagrado que liga as rotas tradicionais dos antepassados: rotas religiosas, de troca e fuga, reconhecidas pelo nosso povo indígena ancestral.
Milhares de etnias passaram pelo Planalto Central durante os séculos que se seguiram a invasão e ocupação dos territórios indígenas. Fugindo do massacre, da perseguição e da escravidão, o Planalto Central é um ponto da memória espiritual e histórica do espírito do índio no tempo. Como falavam os anciãos da tribo: “o traçado do plano piloto é o cruzamento das rotas de fuga indígena vindas de leste para oeste e do sul para o norte”.
As passagens nessas terras do Planalto Central pelos conquistadores bandeirantes nos séculos XVII e XVIII como Bartolomeu da Silva Bueno (o Anhanguera, em tupi “diabo velho”) e seu filho, o Anhanguera II, que cruzaram os cerrados do Distrito Federal em busca de ouro, escravos e domínios territoriais para fazendas de gado, fundando cidades no entorno de Brasília como Formosa, Planaltina, Luziânia, Pirinópolis, Unaí sob as sombras dos milhares de índios que fugindo do extermínio colonial deixou profundas marcas na memória, na cultura e traços arqueológicos nas terras do Planalto Central.
Área de antigas tabas indígenas como Quirixás, habitantes de Planaltina, Acroás, Xavantes, Aquirás, Xacriabás, Goyás, Araés, Xerentes, Apinajés, Kaiapós, Timbiras, Tapirapés, Tupináes, Avacanoeiros, e que deixou marcas espirituais nos nomes do Planalto Central do Distrito Federal: taguatinga, paranoá, guará, itiquira, guariroba, taquari, arapoangas, unaí, taquari. E os seus espíritos estão acordados!
O Santuário dos Pajés está no cinturão cósmico da América do Sul numa faixa que cobre o centro sagrado da cidade de Cuzco no Peru cruzando o “Qhapaq Ñan”, a Linha da Verdade e da Justeza, entre os paralelos 10° e 17° ao sul da linha do Equador da Terra. A América do Sul é um Índio indomável, justo, sábio e generoso cujo coração está bem no centro do Brasil, no Santuário Sagrado dos Pajés.
Não apenas o padre italiano Dom Bosco profetizou sobre a construção de Brasília, pois a antiguidade, a ancestralidade de nossas raízes nessas terras há muito tempo comunicou aos nossos maiores pajés sobre este centro espiritual e seu destino histórico nesses cerrados tapuyas do amanhã. Não sendo, portanto uma coincidência a região de Brasília ser considerada uma área mística e de grande força espiritual, porque o sagrado indígena há milênios habita nessas terras.
O Santuário dos Pajés é o Templo Espiritual dos Povos Indígenas das Américas, registro da memória e da espiritualidade indígena ancestral, o elo milenar de um enigma que une a todos nós da América Índia. O Santuário Sagrado dos Pajés está inscrito na verdade de nossos ancestrais de que “a plenitude do sentido da vida está em unir o passado e o futuro no presente”. Viva O Santuário Sagrado dos Pajés!!
O projeto "Nas rotas dos Pajés" está voltado especialmente às instituições de ensino conforme a Lei 11.645 de 10 de março de 2008 que prevê a inclusão obrigatória no currículo oficial o estudo da História e da Cultura Indígenas, visa através de uma visitação orientada e planejada no interior da própria Terra Indígena Santuário dos Pajés, num ambiente de intercambio cultural que propicia uma vivência única de tolerância humanista entre as culturas e etnias que compõem o Brasil, o respeito às diferenças e a valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental dos povos indígenas do Brasil, fornecendo algumas das ferramentas necessárias para uma maior compreensão da organização sócio-cultural indígena, de suas formas tradicionais de manejo dos recursos naturais, da história indígena regional e, sobretudo, da importância de se reconhecer que a preservação do meio ambiente natural é conseqüência da cultura e cosmovisão indígenas, resultado de um modo de ser e de um modo de vida com profundos valores éticos, espirituais e morais.!! HAYAYA!!!!AWIRY!!
*Fonte: http://www.santuariodospajes.blogspot.com/
Visitações de segunda à sábado (manha e tarde)Contatos para agendar visitação e Informações: (61) 81239241/ 81833980
Que delícia de conhecimento, adorei Denisinha.
ResponderExcluirBrasília esta precisando de uma grande pajelança, eta lugar pra ter uruca de safaeza.
Um grande beijo na minha orientadora cultural predileta.
Que riqueza!!! É ai que vemos o quanto que muitos de nós esquecem, a exência original da cultura, e poucos valorizam a grandeza da nossa etinia.
ResponderExcluirParabensssssssss!
Como sempre você manda vê.
Te amo de paixão, beijos milllll.
Oi amigos Guará e Rita, vcs são meus tesouros!!! Obrigada pelos comentários!!! Temos que nos reconhecer e valorizar em tudo que é natural da nossa terra, chega de cultura importada pois, tudo que precisamos tem aqui!!! Bom fim de semana!!! Bjs no coração de vcs!!!
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