♫Sei que a chuva anda fazendo um estrago por aí, mas, também sei que o Rio de Janeiro onde moro teve temperaturas de 49º na última terça-feira e muita gente passa mal com esta fervura toda. Quando eu era criança cantávamos para a chuva sumir, fazíamos desenho do sol no chão para ele aparecer forte e secar a terra para nós brincarmos. Hoje, as temperaturas estão mais altas no Rio de Janeiro e em todo mundo, quero então cantar odes à chuva, não para fazer enchentes que não desejo isso pra ninguém mas, para refrescar. Conheço uma cantiga do Folclore Paulista (a terra da garoa) e uma do Folclore Carioca. ♫Vejamos:
♫CHUVA - Folclore Paulista♫
*
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
*
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
*
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu
*
♫SANTA CLARA - Folclore Carioca♫
*
Santa Clara Clareou
São Domingos alumiou
Vai sol, vem chuva
Pra molhar dona saúva
Santa Clara Clareou
São Domingos alumiou
Vai sol, vem chuva
Pra molhar dona saúva
*
E PARA QUE A CHUVA NÃO CHOVA TANTO E NOS SEJA REFRESCANTE E NUTRITIVA, EU DEIXO O CASO PLUVIOSO DE CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, DESEJANDO UM EQUILÍBRIO TÉRMICO E HÍDRICO EM TODO O MUNDO!
*O CASO PLUVIOSO(Carlos Drumond de Andrade)*
A chuva me irritava.
Até que um dia descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria.
E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Até que um dia descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria.
E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
*
Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
*
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
*
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
*
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
*
Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.
Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.
*
Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
*
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
*
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.
Os seres mais estranhos se juntando na mesma aquosa pasta
iam clamando contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.
Os seres mais estranhos se juntando na mesma aquosa pasta
iam clamando contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).
*
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.
*
Os navios soçobram.
Continentes já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo.
Os navios soçobram.
Continentes já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo.
*
Eis que a essa altura, delida e fluida
a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.
Eis que a essa altura, delida e fluida
a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.
*
*Fonte: Cultura Oral.
Belas cantigas com um belo encerramnto.
ResponderExcluirBjs.
Muito bom. parabéns.
ResponderExcluirEstava olhando o post anterior, gosto muito de Daniel Munduruku, tenho alguns livros dele.
Beijo
Obrigada Guará, que chova manso pra refrescar!
ResponderExcluirOlá Silvana, obrigada pela visita, comentários e apoio! Também adoro o Daniel Mundukuru! Seja sempre bem-vinda! Bjs!
ResponderExcluirGrande Drummond! Sabia tudo mesmo de poesia! E belíssima lembrança, Denise. Que chova o suficiente para tornar a terra fértil.
ResponderExcluirCaro Dom, Drummond é realmente fascinante! Que Deus ajude a equilibrar as grandes burradas que o homem tem feito com o nossso Eco Sistemas pois, com tanta agressão ao meio ambiente só o poder divino pode nos trazer equilíbrio. Agradeço a visita! bjs
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