quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

♫MÚSICAS FOLCLORICAS PARA A CHUVA E O CASO PLUVIOSO DE DRUMOND♫


♫Sei que a chuva anda fazendo um estrago por aí, mas, também sei que o Rio de Janeiro onde moro teve temperaturas de 49º na última terça-feira e muita gente passa mal com esta fervura toda. Quando eu era criança cantávamos para a chuva sumir, fazíamos desenho do sol no chão para ele aparecer forte e secar a terra para nós brincarmos. Hoje, as temperaturas estão mais altas no Rio de Janeiro e em todo mundo, quero então cantar odes à chuva, não para fazer enchentes que não desejo isso pra ninguém mas, para refrescar. Conheço uma cantiga do Folclore Paulista (a terra da garoa) e uma do Folclore Carioca. ♫Vejamos:


♫CHUVA - Folclore Paulista♫
*
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
Chuva vai, Chuva vem
Chuva miúda não mata ninguém
*
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu
Cai chuva, cai lá do céu
Cai chuva, no meu chapéu


*
♫SANTA CLARA - Folclore Carioca♫
*
Santa Clara Clareou
São Domingos alumiou
Vai sol, vem chuva
Pra molhar dona saúva
*


E PARA QUE A CHUVA NÃO CHOVA TANTO E NOS SEJA REFRESCANTE E NUTRITIVA, EU DEIXO O CASO PLUVIOSO DE CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, DESEJANDO UM EQUILÍBRIO TÉRMICO E HÍDRICO EM TODO O MUNDO!


*O CASO PLUVIOSO(Carlos Drumond de Andrade)*

A chuva me irritava.
Até que um dia descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria.
E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.

*
Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

*
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

*
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.

*
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.

*
Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.

*
Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.

*
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,

*
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.
Os seres mais estranhos se juntando na mesma aquosa pasta
iam clamando contra essa chuva estúpida e mortal

catarata (jamais houve outra igual).

*
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

*
Os navios soçobram.
Continentes já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo.

*
Eis que a essa altura, delida e fluida
a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.

*


*Fonte: Cultura Oral.

6 comentários:

  1. Belas cantigas com um belo encerramnto.
    Bjs.

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  2. Muito bom. parabéns.
    Estava olhando o post anterior, gosto muito de Daniel Munduruku, tenho alguns livros dele.
    Beijo

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  3. Obrigada Guará, que chova manso pra refrescar!

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  4. Olá Silvana, obrigada pela visita, comentários e apoio! Também adoro o Daniel Mundukuru! Seja sempre bem-vinda! Bjs!

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  5. Grande Drummond! Sabia tudo mesmo de poesia! E belíssima lembrança, Denise. Que chova o suficiente para tornar a terra fértil.

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  6. Caro Dom, Drummond é realmente fascinante! Que Deus ajude a equilibrar as grandes burradas que o homem tem feito com o nossso Eco Sistemas pois, com tanta agressão ao meio ambiente só o poder divino pode nos trazer equilíbrio. Agradeço a visita! bjs

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